A Bíblia de Mateus, publicada em 1537 por John Rogers sob o pseudônimo "Thomas Matthew", representa um marco importante na história das traduções da Bíblia em inglês. Ela surge em um contexto de crescente demanda por versões das Escrituras no vernáculo, alinhada ao espírito reformista que ganhava força na Inglaterra e em outras partes da Europa. Rogers, um discípulo e colaborador de William Tyndale, utilizou o trabalho inacabado de Tyndale no Novo Testamento e na maior parte do Antigo Testamento para compor essa tradução, que também incorporou partes da tradução de Myles Coverdale. A Bíblia de Mateus é, portanto, um elo crucial entre as traduções de Tyndale e a futura Grande Bíblia, editada sob o patrocínio real.
O Novo Testamento de Tyndale, cuja primeira edição completa foi publicada em 1526, teve um impacto profundo nas traduções subsequentes, mesmo após sua execução em 1536. A clareza e o estilo direto da tradução de Tyndale, que se baseou nos textos originais gregos e hebraicos, fizeram com que ela se tornasse a base de muitas versões posteriores da Bíblia em inglês. A Bíblia de Mateus preserva grande parte dessa tradução, especialmente no Novo Testamento, e combina-a com o trabalho de Coverdale no Antigo Testamento, uma vez que Tyndale foi capturado antes de concluir essa parte da tradução. Assim, a versão de Mateus desempenhou um papel fundamental na continuidade do legado de Tyndale.
Em 1549, foi publicada uma nova edição do Novo Testamento de Tyndale, que ficou conhecida como a edição de Jugge. Esta edição foi revisada por Richard Jugge, impressor e editor que desempenhou um papel fundamental na disseminação das Escrituras durante o reinado de Eduardo VI. A edição de 1552 foi particularmente significativa por ter sido uma das últimas antes do restabelecimento temporário do catolicismo sob Maria I. Jugge trabalhou cuidadosamente para revisar o texto e torná-lo mais acessível ao público leigo, refletindo o desejo da Reforma Inglesa de disponibilizar as Escrituras a uma audiência cada vez mais ampla.
A Bíblia de Taverner, publicada em 1551 por Richard Taverner, foi outra tentativa importante de revisar e melhorar as traduções existentes da Bíblia em inglês. Taverner, um erudito humanista e advogado, revisou a Grande Bíblia de 1539 e fez alterações substanciais no texto, especialmente em passagens que ele considerava imprecisas ou mal traduzidas. Embora a Bíblia de Taverner não tenha tido o mesmo impacto duradouro que outras versões, ela reflete o esforço contínuo da Reforma Inglesa em fornecer uma tradução mais precisa e legível das Escrituras. A influência de Tyndale permanece evidente nessa versão, especialmente no Novo Testamento, demonstrando como seu trabalho continuava a moldar o cenário bíblico e religioso da Inglaterra.
Essas três traduções — a Bíblia de Mateus, o Novo Testamento de Tyndale na edição de Jugge de 1552, e a Bíblia de Taverner de 1551 — estão intimamente interligadas pela sua dependência do trabalho pioneiro de Tyndale e pelo contexto reformista que permeava a Inglaterra do século XVI. Todas elas refletem o esforço contínuo para tornar as Escrituras acessíveis ao público inglês, rompendo com séculos de domínio da Vulgata latina e afirmando a centralidade da Bíblia em vernáculo para o desenvolvimento da fé cristã na Inglaterra.
Referências:
DANIELL, David. William Tyndale: A Biography. New Haven: Yale University Press, 1994.
MOYER, David. Coverdale and the English Bible. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.
LAMPSON, Peter. Miles Coverdale: Translator and Reformer. Oxford: Oxford University Press, 1993.
LOVEDAY, A. Richard Jugge, Printer to the Queen: A Study of the Jugge New Testament of 1552. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.
STERN, Virginia F. Richard Taverner and the English Bible. Oxford: Oxford University Press, 1970.
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Links para a visualização dos documentos históricos:
1537 - Bíblia de Mateus:
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1549 - Bíblia de Mateus e Tyndale:
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1551 - Bíblia de Taverner:
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1552 - Novo Testamento de Tyndale:
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